Tradução: Lilian Rocha-Ribeiro

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A seleção de revistas

 A seleção de revistas, objetivando nelas publicar os nossos trabalhos, é um processo que pode ser feito de forma proativa ou reativa. Como tudo na vida, é sempre recomendável a proatividade, que permite o planejamento desde o início e, portanto, uma adequação natural de conteúdo (o nosso trabalho) ao meio (a revista). Mas cuidado, não investigamos para publicar em uma revista em particular. O processo investigativo se deve aos objetivos / resultados, não aos meios em que estes serão comunicados, algo inteiramente secundário. O que definitivamente não faz sentido é investigar algo sabendo a priori que ninguém o publicaria.

Por que proatividade? O investigador, supostamente um especialista na área que investiga, conhece desde o início as  principais revistas, autores e trabalhos relacionados. Este conhecimento melhora o desempenho do seu trabalho e a qualidade de seus resultados, pois possibilita que quando investigue e escreva, pense proativamente que:

  1. Seu artigo será comparado com os principais trabalhos da área, portanto, se espera uma relação de continuidade teórica ou inclusive de ruptura e, certamente, um nível similar de qualidade (complexidade e profundidade)
  2. Seu trabalho será lido pelos principais investigadores da área, portanto, recomenda-se que “adapte” o artigo pensando nos leitores, suas características, níveis de exigência, e o ponha em relação com as contribuições dos autores.
  3. Seu trabalho será publicado em uma revista que habitualmente publica sobre o seu assunto, é por isso que deve saber quais são suas normas, características,requisitos e “gostos”, bem como trabalhos que foram publicados, de modo que desde o primeiro momento o autor adapte a redação às exigências habituais do núcleo das revistas.

Portanto, onde publicar? A resposta mais óbvia e simples é, “Procuraremos publicar nas revistas cujas publicações utilizamos“. Isto porque, logicamente, o nosso trabalho estará bem adaptado a elas. Para fazer isso, um bom exercício é rever nossa literatura, a fim de identificar quais as fontes citadas com mais frequência. No entanto, devemos também ter em conta outros aspectos: Em relação às características dos nossos trabalhos, a escolha de uma revista pode ser determinado por:

  1. Temática. A temática é o  primeiro critério para a seleção de uma revista. Em princípio, procuraremos publicar naquelas revistas altamente especializadas em nossa área, nas quais nosso trabalho receberá mais atenção. No entanto, também podemos fazê-lo em revistas “amplo espectro” as grandes revistas de área. O último recurso seriam as conhecidas como revistas multidisciplinares.
  2. Se o nosso trabalho utiliza uma metodologia de investigação chamativa ou levanta algum progresso no campo metodológico, também poderíamos tentar publicar em revistas cuja temática seja a própria metodologia, por exemplo, a revista REDES que publica trabalhos de múltiplas áreas cujo elemento comum é a Sociometria.
  1. Objeto de Estudo. O objeto de estudo também pode determinar o ambiente em que o trabalho será publicado, uma vez que existem revistas especializadas em áreas geográficas ou uma determinada parte da população. Um exemplo claro são os estudos das mulheres. Um artigo intitulado “análise de redes sociais de mulheres em altos cargos nas universidades espanholas” poderia ser publicado em um jornal de Educação (tema principal), um jornal da metodologia em Sociometria (Metodologia) ou revista de Estudos de Gênero (Objeto de estudo).

No entanto, existem outros aspectos de nossos próprios artigos que irão influenciar a seleção das revistas:

  1. Target. Devemos publicar nas revistas lidas pelo público-alvo do nosso trabalho. Se, por exemplo, publicamos um trabalho sobre a comunidade espanhola de Educação, o ideal seria publicar em uma revista nacional escrita em espanhol, ou em todo caso, Iberoamericana. O que é certo é que, se tentamos publicar em uma revista anglo-saxônica teremos menos possibilidades e, além disso, em caso de ser aceito, é possível que não nos leaim as pessoas potencialmente interessadas. Quem publica, o faz para ser lido, não para ser avaliado.
  2. Validade. Os trabalhos têm diferentes graus de validade e este é um risco que pode fazer que um trabalho nunca seja publicado. Se temos um trabalho e sabemos que é possível que dentro de um ano já não haja interesse, devemos priorizar a escolha de revistas com processos de avaliação rápidos, para que, no caso de rejeição, tenhamos tempo para enviá-lo a outra revista. Os melhores trabalhos costumam ter uma alta caducidade, uma vez que pretendem estudar fenômenos atuais e competem com os de outros investigadores (a moda científica).

 Em relação às características das próprias revistas, é preciso considerar:

  1. Impacto Científico. As revistas com Fator de Impacto são aquelas indexadas no Journal Citation Reports de Web of Science. Elas são consideradas as melhores revistas do mundo em cada área. O simples fato de publicar um artigo em si é um mérito reconhecido pelas agências de investigação. Do ponto de vista da avaliação científica é o padrão ouro.
  1. Indexação em Bases de Dados. A primeira função desta indexação é aumentar a divulgação do trabalho, no entanto, há um segundo papel, avaliativo, o que indica que as melhores revistas estão presentes nas bases de dados mais exigentes, já que são capazes de cumprir processos avaliativos de primeira categoria. Existem bases de dados genéricas (Web of Science, Scopus, Latindex) ou especializadas por área (MLA, Philosopher Index, Mass & Communicación Search, etc).
  1. Prestígio científico. Em princípio, uma boa revista é liderada por um bom investigador. Por essa razão, fazer uma análise simples da carreira da equipe editorial nos dará uma aproximação fiável da qualidade científica da revista.
  1. Prestígio Editorial. É muito importante conhecer a editora por trás das revistas, solvência financeira, especialização, profissionalização editori, etc. Esta é a garantia da qualidade dos processos, a seleção da equipe técnica e a continuidade da mesma. Por exemplo, sabemos que qualquer revista publicada pela American Psychological Association será um produto consistente.
  1. História da Revista. A idade da revista já é um importante indicativo, vamos tentar publicar em revistas que estão consolidadas. Da mesma forma, a análise da sua história nos permite ver se é uma revista com com progressão, cumprimento da periodicidade, etc.
  1. Requisitos formais. Logicamente, precisamos comprovar que o nosso trabalho é capaz de satisfazer os requisitos formais exigidos pelas revistas (tamanho do documento, número de figuras, número de autores, estilo de citação, etc.).
  1. A periodicidade, como já mencionamos, é fundamental, os autores se interessam em publicar em revistas que declaram e se comprometem com um tempo de avaliação razoáveis.
  1. Direitos autorais. Outro aspecto a considerar devem ser os direitos autorais. Normalmente os autores têm o direito de, uma vez publicado o trabalho, armazenar em suas páginas pessoais e em repositórios científicos os trabalhos, a fim de ajudar a divulgá-los, no entanto, nem todas as revistas autorizam, razão pela qual é importante conhecer as políticas de direitos autorais de revistas. Uma boa ferramenta para conhecê-las é Sherpa Romeo. 

Iniciamos falando sobre proatividade e reatividade. Quando a decisão sobre a quais revistas enviar o trabalho é feita no final da criação do mesmo, de forma reativa, estamos atados de pés e mãos, porque, no último minuto, as características do nosso trabalho serão um fardo que determinará especialmente a seleção de títulos, fechando-nos muitas portas. Nenhuma empresa bem sucedida faz um produto sem ter em conta quem são os consumidores, nem as características do mercado e seus canais de distribuição.

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