Autor:Luis-Miguel Romero  – Tradução: Lilian Ribeiro A revisão científica é um processo comumente colegiado, do qual costumam participar dois ou mais revisores (pares), e até corpo editorial, dependendo do estilo de revisão utilizado pela publicação. É comum que os revisores tenham divergências quanto à avaliação de um manuscrito. Devemos lembrar que a própria comunidade científica […]

Autor:Luis-Miguel Romero  – Tradução: Lilian Ribeiro

A revisão científica é um processo comumente colegiado, do qual costumam participar dois ou mais revisores (pares), e até corpo editorial, dependendo do estilo de revisão utilizado pela publicação. É comum que os revisores tenham divergências quanto à avaliação de um manuscrito. Devemos lembrar que a própria comunidade científica é muito diferente, do ponto de vista de abordagens epistemológicas, conhecimentos metodológicos, ideologias, áreas de competência, contextos, entre outros aspectos. Nesse sentido, os resultados da revisão tendem a coincidir em algumas observações, enquanto em outras são muito diferentes.

As decisões dos árbitros costumam ser díspares dependendo do fato de cada um ter sua escola, sua linha epistemológica, sua ideologia, seu conhecimento sobre métodos, experiências, entre outros aspectos.

Os modelos ou formulários de revisão em periódicos científicos costumam ter vários aspectos de avaliação. Por exemplo, no caso da Revista Comunicar, seu protocolo de avaliação é quali-quantitativo, ou seja, os revisores apresentam seus comentários por escrito, ao mesmo tempo em que avaliam (com pontuação) cada um desses itens, com um totalização de 50 pontos (ver exemplo). No caso da Comunicar, é comum que um artigo seja avaliado por 5 a 8 revisores, portanto a nota média é fundamental para que a equipe editorial decida – com critérios objetivos – a publicação do texto.

Enquanto isso, outras revistas não usam um sistema de pontuação, mas pedem aos revisores apenas sua opinião por escrito. Em algumas ocasiões, geralmente é solicitada uma opinião global sobre o manuscrito, enquanto em outras o arquivo é amplo e pede para avaliar as várias seções do artigo, como título, resumo, revisão de literatura, materiais e métodos, resultados, discussão e conclusões, referências, implicações práticas e prospectivas, originalidade, entre outras áreas.

O ponto coincidente na maioria dos processos de revisão pode ser, em muitos casos, as decisões sobre a publicação do manuscrito, sendo possíveis quatro cenários:

  • Publicável (sem modificações): Talvez a decisão menos comum, uma vez que todo produto é aperfeiçoado e uma avaliação coloca tête à tête pessoas com diferentes ideias, abordagens, experiências, etc. No caso da decisão de “Publicável” ou “Publicável sem modificações”, os autores não devem fazer nenhuma alteração e a equipe editorial procederá à publicação do artigo tal como foi inicialmente entregue na revista.
  • Publicável com pequenas modificações: Esta decisão está focada em solicitar mudanças superficiais ou formais aos autores. Quando pequenas alterações são solicitadas, tendem a se referir a aspectos como incluir mais literatura no referencial teórico, aumentar as discussões, explicar melhor os métodos e procedimentos ou organizar melhor os achados (incluindo tabelas ou figuras explicativas, por exemplo). Esta é a decisão mais comum ao aprovar um artigo.
  • Publicável com grandes modificações: É o estado intermediário entre publicável e não publicável. Quando os revisores solicitam mudanças importantes, eles geralmente solicitam mudanças substantivas que geralmente envolvem um ótimo trabalho de redação, reorientação e / ou reestruturação total ou parcial do manuscrito. Muitas vezes essas mudanças significam refazer a pesquisa e modificar os objetivos, de modo que os autores geralmente decidem nesta fase se farão as modificações propostas ou se tentarão outra publicação.
  • Não publicável: Sem dúvida, a decisão mais temida, que põe fim ao processo editorial do manuscrito. Em qualquer caso, a decisão de não publicar deve ser acompanhada de um relatório detalhado com a opinião escrita dos revisores, o que ajuda os autores a aprimorar o documento antes de tentar novamente em outra publicação.

Muitas vezes também acontece que os revisores decidem exatamente o contrário: enquanto um recomenda pequenas alterações, outro decide não publicar. Nestes casos, a equipe editorial da revista deve solicitar uma terceira revisão para dirimir as divergências, cabendo a este terceiro parecer a decisão que deve ser tomada em relação ao manuscrito, embora no final os três relatórios sejam encaminhados aos autores para que atendem a todas as observações.

Em outros casos, acontece que um revisor decide que há apenas modificações menores e outro decide modificações maiores. Em ambos os casos, concorda-se que o manuscrito é publicável, portanto não há grande diferença de opinião. Para agilizar o processo editorial, as publicações costumam enviar esses relatórios aos autores, solicitando modificações importantes, no entendimento de que devem atender a cada uma das observações de ambos os revisores.

Também é comum que, quando solicitadas alterações (maiores e menores), os periódicos encaminhem o artigo aos revisores para confirmação da inclusão das modificações solicitadas. Por esse motivo, é altamente recomendável que o manuscrito revisado seja enviado com controle de alterações ou com as alterações destacadas, e ainda um documento separado no qual sejam indicadas as alterações feitas de acordo com as recomendações, ponto a ponto. Isso garante não apenas que esse processo seja o mais rápido possível, mas que os revisores verifiquem rapidamente se suas opiniões foram levadas em consideração.

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