Tradução: Lilian Rocha-Ribeiro
A publicação de um artigo numa revista científica exige o cumprimento de uma série de exigências padronizadas. Embora cada publicação tem suas próprias regras e, portanto, é muito importante ler em cada caso e familiarizar-se com os procedimentos da revista que selecionamos, há parâmetros comuns para a aceitação de um texto:
- Relevância, significatividade e veracidade.
- Contribuição a um campo do conhecimento, desde uma perspectiva individual ou coletiva, original e inédita.
- Anonimização do artigo.
A qualidade da revista reside em gerenciar esses parâmetros, ou seja, assegurar a relevância e a originalidade do que nela é difundido. Portanto, para que que um artigo tenha possibilidades de ser publicado é essencial não negligenciar estes aspectos.
A relevância e significatividade é determinada por uma revisão exaustiva da literatura. Isto permite posicionar e delimitar o objeto de estudo e o contributo específico, ancorando-o, sistematizando-o, de modo que se torne visível o que é aportado. Quer se trate de uma investigação que gera dados e resultados significativos quer de outras que podem complementar ou contradizer as investigações existentes ou se apresentam resultados a partir de outras perspectivas, o grau de relevância de cada contribuição varia segundo o âmbito ou área temática. Quanto à veracidade do que é comunicado, a informação não pode ser tendenciosa ou distorcida por causa da autenticidade dos dados. As revistas medem e avaliam isto por meio da revisão por pares, especialistas na área, conhecedores do assunto que podem avaliar o trabalho focados na força dos argumentos e resultados e nos avanços que se fundamentam…
A originalidade do trabalho caminha muito unida ao ítem anterior. Especialmente neste tempo caracterizado pela «hiperinformação» e a difusão sem limites. Com frequência subvertem os cânones da autoria e incorrem em plágio por uma má interpretação do que pode significar a imitatio renascentista.
O plágio é um problema da nossa ciência hoje e as revistas são muito cuidadosas sobre isso, incorporando a seus sistemas detectores de textos plagiados.Neste sentido,os artigos científicos, que devem ser originais e inéditos, não podem incorporar fragmentos de outros autores, excepto nas citações ou referências devidamente indicadas, senão se incorreria em plágio. Um trabalho já publicado pelo próprio autor ou autores em outra revista, é considerado pouco ético e, portanto, é também uma forma de plágio, desta vez chamado autoplagio.
Para que a revisão dos manuscritos seja independente e objetiva, as revistas selecionam investigadores de prestígio na área, e procede à revisão cega, que representa uma garantia na avaliação, aceitação ou recusa dos manuscritos. Como afirmado no Manual da American Psychological Association, Sixth Edition «o processo de revisão APA é anônimo em ambos os sentidos desde as identidades dos revisores, tampouco se revelam os autores, a menos que o revisor concorde em fazê-lo «. Por isso, é indispensável que a autoria fique anônima. Os autores, portanto, devem ocultar qualquer indicação de sua autoria:
- Comprovar que nâo aparece o nome no texto nem nas propriedades do documento.
- Incluir ocultando o sobrenome XXXXX, inicial, e até mesmo dados do trabalho.
- Eliminar citações, agradecimentos, referências que possam indicar a autoria, especificando com o rótulo * anonimização. O progresso científico é construído sobre a base da verdade e da ética. Um bom trabalho merece ser difundido em um bom artigo que gerencie de forma responsável sua contribuição no âmbito do estudo no qual se deseja medir.