Tradução:Julieti-Sussi Oliveira
Normalmente relaciona-se a citação com a atribuição de um texto a outra fonte. Ela tem um papel importante, que é dar suporte e justificar argumentos próprios ( ex. citando pesquisadores que tem opinião e critérios que concordam com os nossos) ou para demonstrar uma nova postura frente ao tema ( destacando uma opinião contrária com respeito a tendência geral da crítica). Por essa razão, muitas vezes usa-se a citação como retórica para convencer ao leitor das próprias abordagens, mas a referência a uma literatura anterior não é só uma questão retórica ou uma convenção que deve-se cumprir. Ao contrário, é algo fundamental para demonstrar que o texto está relacionado com o conhecimento acumulado no âmbito da sua disciplina, e que, portanto, é suscetível de gerar uma contribuição valiosa partindo dos avanços propostos por pesquisas anteriores. Nesse caso, as referências ajudam a definir o contexto específico de conhecimento ou o problema concreto, ao redor do qual giram os questionamentos do autor.
Para realizar o processo de citação, desenvolveram-se diferentes estilos como o da Associação Americana de Psicologia (APA, suas siglas em inglês), Vancouver (mais usado nas ciências da saúde), Chicago, Harvard, dentre outros, estas normas não só limitam-se a referências, como propõem estilos de redação, seções e formatos do artigo. Também, sugerem o modo em que devem ser feitas as referências no texto, algumas como o caso de Vancouver, usam o número que é atribuído a fonte na lista da bibliografia na ordem em que aparece no corpo do texto, outras como a APA fazem uso do padrão nome e ano e elabora a bibliografia em ordem alfabética. Além disso, especificam que cada referência deve aparecer na bibliografia.
Durante muitos anos foi comum o uso do sistema nome e ano para fazer referências, ainda hoje , é usado por muitas revistas. A vantagem desse sistema é que oferece facilidade para o autor, já que as referências não estão numeradas e podem ser alteradas facilmente. Por mais que mude a lista, “Pérez y Lopez (1998)” continuará igual. No caso de existir dois ou mais “Pérez y Lopez (1998)” resolve-se o problema fazendo referência ao primeiro como “Pérez y Lopez (1998a), e o segundo como “Pérez y Lopez (1998b). Um dos pontos negativos deste sistema é que pode dificultar a leitura quando situamos em uma mesma frase ou parágrafo um número grande de referências.
Além disso, deve-se somar a essa variedade de estilos, o fato de que cada revista faz suas adaptações e particularidades de um estilo selecionado como base, algo que é importante ter em conta quando apresentamos um artigo, para evitar uma negação imediata da própria equipe editorial. Por exemplo, a revista Comunicar usa o estilo APA (ver. 6) de modo geral, no entanto revisando os textos dos seus artigos, pode-se encontrar que para fazer referência a uma página em específico de uma fonte, usam-se dois pontos (ej.:Garcia, 2011:89), mas se observamos o manual APA, percebemos que este usa o prefixo “p.” (ej.:Garcia, 2011, p.89), com este simples exemplo podemos compreender que não é somente revisar as normas para autores da revista, senão também revisar as suas práticas.
As referências de um texto podem ser feitas de diferentes modos, dependendo do explicito da citação. No caso da APA, na sua última versão (6ª) há três modos de fazer uma referência (os exemplos são extraídos da Comunicar, 53, 2017):
No caso de o autor e a data aparecem como parte da narrativa, não é preciso introduzir nenhum elemento, somente colocar a fonte na bibliografia, exemplo: “Se direcionamos a atenção ao uso do Twitter pelos Millenials, relatórios de 2016 posicionam esta rede como uma plataforma”…
No caso de que o autor apareça como parte da narrativa, coloca-se entre parêntesis o ano da publicação, exemplo: “A necessidade e importância de educar para o uso dos meios, tem um longo caminho na nossa história recente que começa nos anos oitenta com a declaração de Grunwald (1982) decretada pela UNESCO”.
Em outro caso, coloca-se entre parêntesis o autor e o ano da publicação, separados por uma vírgula, exemplo: “E esses cidadãos encontraram no ciberativismo um instrumento ideal para enfocar as suas ideias e lutar pelos seus objetivos (Tascón & Quintana, 2012).”
O sistema de referências não limita-se a esses exemplos, existem outras especialidades ou casos em que é necessário consultar as normas para um uso correto, como as referências dependendo da quantidade de autores, a ordem das referências, autores com sobrenomes iguais, referências textuais como mais de 40 palavras, etc. No caso da APA, as normas podem ser consultadas no seu site e em outros manuais que as instituições publicam para ajudar os estudantes a realizar este processo. No próprio manual da APA encontra-se uma tabela que pode ser um excelente resumo de grande parte dos casos que podemos encontrar.
Fonte: Publication Manual of the American Psychological Association (2010, p. 177)
Finalmente é importante destacar que a prática de usar gestores de referências como Zotero, EndNote, Mendeley, dentre outros, pode ser de grande ajuda para realizar este processo automaticamente, somente devendo fazer alguns ajustes, dependendo das particularidades de cada revista.