Autora: Mª Amor Pérez-Rodríguez Tradução: Vanessa Matos
Uma das principais chaves para o êxito de uma revista científica é o processo de revisão. Por esse motivo, o Conselho de Revisores desempenha um papel fundamental na qualidade da publicação. Dele é exigido um elevado nível de qualificação no campo e experiência no processo de validação de trabalhos enviados como artigo. Apesar de algumas críticas, o sistema de revisão por pares é uma boa maneira de autenticar e avaliar a pesquisa enviada.
Os editores não apenas ajudam a tomar decisões sobre os artigos que serão publicados na revista, mas também contribuem para a melhoria do material com sugestões, críticas e comentários. Nesse sentido, cada revisor concorda em realizar uma validação / avaliação crítica, honesta, rigorosa e construtiva, sem viés ou percepção subjetiva. A referida revisão implica em uma leitura aprofundada e uma estimativa da qualidade científica, bem como do estilo da redação com base nas convenções do escopo da pesquisa abordada.
O processo de revisão pode ser abordado a partir de várias formas, dentre as quais:
1. Revisão por pares – cega simples: os nomes dos revisores ficam ocultos, mas eles sabem o nome do autor. Esse anonimato permite uma avaliação imparcial e também pode facilitar ser mais crítico ou exigente.
2. Revisão por pares – duplamente cega: revisores e autor são anônimos. Este modelo permite maior objetividade. Como o autor não é conhecido, qualquer viés pessoal se torna mais difícil. É possível ainda tornar os artigos anônimos na primeira fase. O modelo triplamente cego torna o autor anônimo também para o editor.
3. Revisão aberta: é aquela que envolve diferentes modelos a fim de obter maior transparência durante e após o processo de avaliação. O revisor e o autor são conhecidos entre si durante o processo de revisão por pares porque os nomes dos revisores são publicados na página do artigo e, em alguns casos, publicam-se também os relatórios da revisão.
De qualquer forma, é essencial que o processo seja o mais ético e transparente possível.
A estrutura dessa tarefa varia de acordo com o periódico, mas geralmente o editor ou a equipe faz uma primeira estimativa com base nos aspectos do foco do periódico e nas questões formais. Se os requisitos forem atendidos, eles serão enviados aos revisores, que deverão emitir seu relatório dentro de duas semanas a um mês. A pontualidade na revisão é importante nesse sentido. Se um revisor não é competente no assunto ou considera que não pode concluir a avaliação até o dia agendado, ele deve rejeitar o convite dos editores. O respeito aos prazos é um indicativo de consideração para com o autor e seu trabalho. A revisão é confidencial e deve ser objetiva.
Não é considerado adequado fazer julgamentos pessoais sobre os autores. A revisão deve ser feita com rigor e argumentos acadêmicos e científicos. Portanto, uma avaliação deve versar sobre: título e resumo (clareza e estrutura), relevância do assunto, originalidade do trabalho, revisão de literatura, estrutura e organização do artigo, capacidade argumentativa, redação, rigor metodológico, instrumentos de pesquisa, resultados de pesquisa, avanços, discussão, conclusões, citações (variedade e riqueza) e referências.
Os revisores devem fornecer razões e argumentos suficientes para suas avaliações através de um relatório crítico completo, especialmente se recomendarem a rejeição ou se solicitarem alterações. Eles devem conhecer os regulamentos da revista e o compromisso que assinam como revisores. Precisam também avisar os editores se considerarem que o trabalho não é original ou foi publicado ou está sendo revisado para outra publicação ou, ainda, se forem detectadas semelhanças ou sobreposições com outros trabalhos publicados.
Um aspecto muito positivo nas recomendações é sugerir referências bibliográficas de obras fundamentais possivelmente esquecidas pelo autor. No entanto, essas indicações acadêmicas não devem ser confundidas com a recomendação antiética de citar as próprias publicações, independentemente da abordagem do artigo revisado, pois esta seria uma má prática do revisor.
Por fim, informações confidenciais ou obtidas durante o processo de revisão por pares não podem ser usadas para fins pessoais e deve-se garantir que não haja conflitos de interesse.