Tradução: Mirelle S. Freitas
Um preprint é um manuscrito original, geralmente eletrônico, que um autor publica antes, ou mesmo depois, de haver sido revisado por pares (ou por qualquer outro sistema de avaliação), editado ou formatado para a publicação pela editora de uma revista acadêmica. Em outras palavras, um preprint é um documento enviado a uma revista acadêmica, que ainda não alcançou a decisão de ser publicado, pode ser também um documento não enviado a nenhuma revista, publicado em um servidor de auto-arquivo. É importante também comentar, que os preprints já existiam há muito tempo, inclusive antes da aparição da Internet, desde os finais dos anos 50, eram impressos e enviados por correio aos investigadores e bibliotecas, muito antes de serem revisados por pares e publicados em uma revista.
Na variante de auto-arquivo, cada vez mais popular, o preprint é depositado pelo autor em um servidor de preprints, habitualmente temático, seguindo procedimentos públicos. A versão preprint pode ser inclusive um avanço ou uma versão incompleta do manuscrito (ainda que o mais comun seja uma versão final). Utilizando este serviço os autores podem solicitar comentários e incluir as sugestões ao manuscrito que pode ser enviada posteriormente ao processo editorial formal de uma revista. Alguns exemplos dos servidores mais reconhecidos são: arXiv.org – http://arxiv.org/, ASAPbio – http://asapbio.org/, bioRxiv.org – http://biorxiv.org/, ChemRxiv – http://pubs.acs.org/meetingpreprints, y F1000Research – https://f1000research.com. Alguns destes servidores, chamados também repositórios, já começam a oferecer a possibilidade de realizar depósitos dos preprint ao mesmo tempo em que permite a opção de enviar o trabalho diretamente a uma revista para sua revisão por pares (como bioRxiv), sempre e quando a revista o permita.
Muitas revistas, como a Comunicar, compreendem as possibilidades e a importância destas práticas e publicam, uns meses antes, os artigos em preprint que serão publicados no próximo número. A revista Comunicar, publica em suas chamadas de artigos quando os preprints estarão disponÃveis (ver próxima figura). Outras revistas como a “RED. Revista de Educación a Distancia†e “Educational Tecnology & Sociatyâ€, vão publicando os artigos, inclusive sem formatar, conforme são aceitos pelos revisoresantes da data oficial do número. Estas práticas estão respaldadas em estudos que demonstram que a publicação antecipada dos manuscritos aceitos contribui para criar um ciência mais transparente, rápida, visÃvel e oferece possibilidades de receber citações e feedback da comunidade cientÃfica de forma antecipada antes da publicação definitiva do trabalho.
Para ilustrar os benefÃcios comentados sobre os preprints, pode-se perceber na figura a seguir a a revista “Physical Review†obtém um maior número de citações nos meses antes de ser publicado un artigo:
Em resumo, os benefÃcios principais de usar preprints são:
- Acesso aberto de forma imediata ao artigo.
- Obtém mais comentários sobre seu trabalho por parte de colegas antes de ser publicado o manuscrito.
- Os preprints aumentam a quantidade de downloads e como conosequência a visibilidade dos autores, seus trabalhos e, possivelmente, as citações.
- Diminui de forma importante o atraso na publicação dos artigos, que causa grandes frustrações e reclamações.
Por outro lado, alguns investigadores consideram um postprint da versão final do manuscrito aceito pelo editor, uma vez finalizado o proceso de revisão por pares, na qual o autor incorporou as alterações ou correções resultantes de tal revisão. Porém, muitos investigadores concordam que um postprint é a publicação de um artigo que já foi publicado por uma revista incluindo toda a identificação desta. Esta prática não é sempre aceita pelos editoriais pelo qual há que levar em conta antes de publicá-lo.
Igualmente, há revistas como a Comunicar, Profesorado e RED, que incentivam aos autores a arquivarem seus artigos uma vez publicados em redes sociais acadêmicas como ResearchGate e Academia.edu, nos quais já se pueden encontrar milhões de documentos, tanto preprints como postprints, a disposição dos investigadores.
Reflexões finais
A adoção generalizada de preprints, e também de postprints, têm consequências em função da avaliação por pares (seja cega ou aberta) conviertendo-se em um processo mais transparente e dinâmico. Ademais, os preprints podem chegar a ser uma solução para o fato de muita da literatura cientÃfica não seja acessivelmente aberta, amplia e rapidamente como seja possivél. Além disso, o rol de revistas acadêmicas poderia mudar no processo e na comunicação cientÃfica e converter-se em selos de reconhecimento ou qualidade confiável e dentro da área de investigação.
Em 19 de janeiro de 2017 foi publicado um preprint na bioRxiv, o servidor de preprints de Cold Spring Harbor, o qual ocorre todo o tempo, mas o mais interessante é o fato hecho de que o autor principal está afiliado a “Elsevierâ€, o que é esperançador, já que a Elsevier um dos editoriais mais restritivos com relação a publicação de preprints/postprints.
Por último, a iniciativa regional SciELO, pioneiro na publicação em acesso aberto na América Latina desde 1997, também está no proceso de estabelecer um servidor de preprints, seu objetivo é acelerar o proceso de publicação e aumentar sua transparência, algo que indubidavelmente será de grande utilidade e uma oportunidade para as revista iberoamericanas.