Tradução: Mirelle S. Freitas

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A antítese das revistas de qualidade são as revistas fraudulentas. Nos últimos anos, como consequência negativa da aparição de revistas digitais, e mais especificamente dos modelos de Acesso Livre, nos quais o autor assume os custos de edição (via dourada) têm feito proliferar um numeroso grupo de revistas de qualidade discutível que, utilizando-se da técnica de camuflagem, atraem os autores; normalmente mediante propostas personalizadas (via e-mail), cujo principal objetivo é obter lucro por publicar seus trabalhos. Este fenômeno tem sido estudado amplamente por Jeffrey Beall, que disponibiliza uma lista de centenas de revistas fraudulentas (listado de cientos de editoriales de revistas fraudulentas), bem como de revistas predatórias sem editorial (revistas predadoras sin editorial). Outra ferramenta onde podem se identificar milhares de ferramentas fraudulentas é chamado Classificação CIRC (Clasificación CIRC).

O principal problema das revistas fraudulentas é que um grande percentual delas concentram seus esforços em atrair pesquisadores desavisados, ignorando processos básicos como a avaliação dos trabalhos, razão pela qual os trabalhos publicados nelas carecem de validação da comunidade científica, uma das principais missões de uma revista científica. A isso se soma o fato de os trabalhos não competirem para serem publicados, ou seja, tudo o que chega a estas revistas se publica.

Estas revistas dificilmente são detectáveis a primeira vista porque utilizam a estratégia da camuflagem, possuem títulos muito similares aos das revistas internacionais de área, todas possuem um staff numeroso de pesquisadores, embora as contribuições deles com a revista sejam meramente decorativas. Igualmente, estas revistas se anunciam como indexadas em um grande número de bases de dados científicos, ainda que, em sua maioria, sejam falsas ou sejam bases de dados que não realizam processos seletivos. Isso fez com que o DOAJ tivesse que redefinir suas políticas de inclusão, o que levou a eliminação de milhares de revistas.

Não obstante, existem outros dados que devem nos levar a suspeitar, como o pouco tempo de existência, visto que surgem face a redução de custos que implica a aparição de revistas 100% digitais. Seus títulos são genéricos, a imitação das revistas de maior prestigio da área. Em muitos casos são editadas por países da “periferia” científica (Egito, Nigéria…). Suprem suas carências como são a indexação de bases de dados ou a falta de indicadores de impacto mediante o cálculo de indicadores próprios. Ademais, têm uma política proativa para captar o pesquisador incauto através do envio personalizado de correspondência. Definitivamente, o principal aspecto que deve alertar o autor é que a revista elegeu a via dorada (livre acesso), cobra seus autores para publicar, logo, quanto maior número de trabalhos maior a arrecadação.

O pesquisador deve agir muito cautelosamente na hora de eleger uma revista, publicar em una revista fraudulenta é um desprestigio que evidencia que:
• O investigador desconhece a área onde se encontra.
• O esforço não o acompanha, pois opta pela porta de trás das publicações.
• É um mal gestor de fundos públicos, pois paga os custos dos artigos com dinheiro destinado a projetos, assim incorrendo em fraude pública.
O pior é que ao tornar públicos os trabalhos, rapidamente se divulga os nomes dos incautos que podem facilmente se tornar motivo de chacota em seus departamentos, áreas etc.

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