Autor: Ángel Hernando / abril 25 2022 / Tradução: Vanessa Matos
https://doi.org/10.3916/escuela-de-autores-176
Como já destacamos em outro post «Resultados, Discussão e Conclusões: juntos, mas não misturados», esses três elementos, que tentam responder aos objetivos e/ou hipóteses levantadas, fazem parte da escrita científica dentro da estrutura de consenso IMRyD (Introdução, Material e Métodos, Resultados e Discussão, cuja organização permite que os artigos sejam compartilhados e divulgados sem problemas para outros membros da comunidade científica). Apesar do esforço pela padronização, esta estrutura pode apresentar uma série de erros, devido à confusão ou omissão durante o processo de desenvolvimewnto do artigo científico.
Devemos levar em conta que essas três seções, Resultados, Discussão e Conclusões, apresentam uma série de semelhanças que podem levar a repetições que não enriquecem nosso manuscrito, e que vão contra a necessária precisão, clareza e brevidade que deve ter a escrita científica. É por isso que apresentamos a seguir uma série de características definidoras de cada seção:
Se na introdução do nosso artigo respondemos à pergunta «Qual é o problema?», é na seção de Resultados que os autores do manuscrito devem fazer uma apresentação correta e clara dos achados obtidos em sua pesquisa. Para isso, é necessário verificar se a pergunta “O que foi encontrado?” foi respondida, e lembremos, como mencionamos anteriormente, de não duplicar (ou triplicar) as informações apresentadas. Nesse sentido, é aconselhável alternar o uso de enumerações de dados, tabelas e figuras (escolhendo a forma mais adequada para cada caso) em sua apresentação. Em suma, o que os autores devem fazer, nesta seção, é mostrar os resultados obtidos sem opiniões ou interpretações, da forma mais objetiva possível (devem apresentar claramente todas as informações necessárias que permitam reproduzir os resultados obtidos) e que estejam de acordo com os objetivos definidos, buscando sempre responder as perguntas de pesquisa formuladas no início.
Na seção Discussão, os autores devem realizar a interpretação dos resultados obtidos e suas implicações. Aqui é necessário verificar se respondemos à pergunta «Qual é o significado do que encontrei?» para os quais os resultados obtidos na investigação devem ser comparados com aqueles que foram expostos na introdução em termos de «estado da arte». Isso quer dizer: contrastar os resultados que a pesquisa produz com aqueles obtidos em estudos anteriores que foram revisados, colocando-os no referido contexto. Para isso, é preciso situar claramente os resultados da pesquisa entre as ideias atuais sobre o que se investiga e estabelecer o que são refutações, o que são complementos, o que são atualizações ou ainda quais são novidades sobre o assunto estudado.
Por fim, na seção Conclusões, diretamente relacionada à seção Discussão, é necessário resumir os principais achados do trabalho realizado (a pergunta neste caso seria «O que significam os achados para o futuro da pesquisa no campo temático em que está inserido?). Deve-se ter em mente que esta seção não pode se limitar a uma declaração resumida, mas é necessário fazer uma declaração clara sobre as novidades trazidas pela pesquisa em diferentes campos. Por exemplo: sobre as fontes utilizadas, adaptação da metodologia ou de alguma técnica, refutação de algum método, etc. Nesta seção, como na anterior, encontramos um julgamento subjetivo.
Deve-se ter em mente (e é aqui que mais erros são detectados) que a discussão dos resultados não deve ser confundida com as conclusões, nem repetir textualmente o que já foi dito no resumo. Obviamente, as conclusões dependem dos resultados obtidos e da sua análise, mas aqui é preciso «molhar-se». Aqui são construídas as contribuições (achados) dos pesquisadores, e estas são obtidas a partir de mais do que apenas dados registrados. Por fim, também é necessário verificar que esta seção termina, como é obrigatório, com as limitações da pesquisa realizada e as novas propostas de pesquisa.
Em suma, essas três seções estão diretamente relacionadas, mas não devem ser confundidas ou repetidas, pois em cada uma delas é necessário refletir cada aspecto com o máximo rigor científico.